Potenciais interações medicamentosas em prescrição de pacientes internados com doenças respiratórias em hospital universitário durante inverno amazônico
DOI:
https://doi.org/10.30968/rbfhss.2023.142.0986Resumo
Objetivo: Identificar e descrever a prevalência potenciais interações medicamentosas (PIM) em pacientes internados com doenças respiratórias durante período de inverno amazônico, buscando também classificar PIM em função do risco e o manejo clínico. Métodos: Um estudo descritivo, tipo transversal, retrospectivo, com abordagem quantitativa de pacientes internado no hospital universitário durante inverno amazônico. Foram selecionados 40 pacientes e analisadas 120 prescrições, coletando dados como identificação do paciente, hipótese diagnóstico, medicamentos utilizados. A investigação de potenciais interações ocorreu no período de 24 horas, 7 dias e 14 dias. A identificação e as classificações quanto aos riscos das PIM formam realizadas pela plataforma de apoio LexicomP® via aplicativo UpToDate®. Foi feita estatística descritiva dos dados, os quais foram compilados em planilha do Microsoft Excel®. Resultados: Dos 40 pacientes, 55% eram homens, a média de idade foi de 46 ± 22 anos, o tempo médio de internação foi de 41 ± 30 dias, a maioria dos pacientes apresentaram Tuberculose Pulmonar, Pneumonias não especificadas e Derrame Pleural. Nessa população, análise da classificação de risco das PIMs, mostrou um total de 989 interações medicamentosas, com aproximadamente 8 PIM/prescrição. Um predomínio de PIM com risco baixo (classe C e B). Entre os medicamentos envolvidos o omeprazol x dipirona, dipirona x captopril, sendo essas de risco B e C, respectivamente. Apesar da maioria das PIM serem baixo risco, também ocorreram interações de risco elevado risco, não recomendadas (Classe X), totalizando 51 interações, sendo a mais prevalente e omeprazol e rifampicina, a qual pode induzir desconfortos gastrointestinais, e seu manejo consiste na substituição do omeprazol pelo pantoprazol. Além desse, segunda interação de risco X com maior ocorrência foi escopolamina mais brometo de Ipratrópio, a qual poderia induzir efeitos anticolinérgicos nos pacientes. E também foi detectado a PIM entre Prometazina x Bromoprida com risco de síndrome neuroléptica maligna ou reações extrapiramidais, esses devem ser manejados de maneira individualizada. Conclusão: Identificou-se uma elevada ocorrência de PIM nas prescrições de pacientes com doenças respiratorias durante o período putativo inverno amazônico. Apesar de na sua maioria ser de baixo risco, as PIM classificadas como X se mostraram presentes e consequentemente demandando manejo clínico. Por outro lado, para avaliar suas repercussões clínicas, mais estudos metodologicamente diferentes são necessários. Ainda assim, o conhecimento das PIM podem ajudar a estabelecer estratégias terapêuticas adequadas nessa população.
Downloads
Referências
Organization, WH. Infection prevention and control of epidemic- and pandemic-prone acute respiratory infections in health care. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/infection-prevention-and-control-of-epidemic--and-pandemic-prone-acute-respiratory-infections-in-health-care. Acesso em: 03 de fevereiro de 2022.
Strayer, D. Rubin, E. Gorstein, F. e outro. Rubin – Patologia: Bases Clinicopatologicas da Medicina, 4ª edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2006.
Tombolato MM, Oliveira JB, Cardoso CAL. Análise epidemiológica de doenças respiratórias entre 2015 a 2020 no território brasileiro. RSDJOURNAL. 2021; 10 (7). DOI: 10.33448/rsd-v10i7.16819
UNIEDU, Perfil das Morbidades por Doença Respiratórias em um Município do Oeste de Santa Catarina. Disponível em http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2016/09/Kelen-diane-Orso.pdf. Acesso em: 03 de fevereiro de 2022.
Society, AT. Doenças respiratórias no mundo Realidades de Hoje – Oportunidades para o Amanhã Fórum das Sociedades Respiratórias Internacionais. Disponível em: https://www.thoracic.org/about/global-public-health/firs/resources/FIRS-in-Portuguese.pdf. Acesso em: 03 de fevereiro de 2022
SOUZA, IDT. Mortalidade por Doenças respiratórias no Brasil e suas regiões: série histórica 2000 – 2013. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.
reitas CRS, Nascimento MMC, Reis RHS. Análise de inter-relação entre sazonalidades climáticas e as doenças respiratórias. RSDJOURNAL. 2022; 11 (13). DOI: 10.33448/rsd-v11i13.35069
Internacionales, FSR. El impacto global de la Enfermedad Respiratoria. Disponível em: https://gard-breathefreely.org/wp-content/uploads/2017/11/Firs2017_esp_web.pdf. Acesso em: 05 de fevereiro de 2022.
Wang Y, Wang Y, Chen Y, et al. Características epidemiológicas e clínicas únicas da nova pneumonia por coronavirus emergente de 2019 (COVID-19) implicam medidas especiais de controle. WILEY. 2020;92(6), 568-576. DOI: 10.1002/jmv.25748.
Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar. Plano de contingência em diversos cenários farmacêuticos no âmbito da pandemia por covid-19. Disponível em: http://www.sbrafh.org.br/inicial/wp-content/uploads/2021/12/Plano-de- conting%C3%AAncia-COVID-19-2a.pdf. Acesso em: 05 de fevereiro de 2022
Cavalcante MLS, Alcântra RKL, Oliveira ICL, et al. Segurança de medicamentos em idosos institucionalizados: possíveis interações. Esc. Anna Nery. 2020; 24(1). DOI: 10.1590/2177-9465-EAN-2019-0042.
Rosa AM, Ignotti E, Botelho C, et al. Doenças respiratórias e sazonalidade climática em menores de 15 anos em um município da Amazônia brasileira. J. Pedriatra. 2008; 84 (6). DOI: 10.1590/S0021-75572008000700012.
Cuentro VS, Modesto T, Andrade MA, et al. Prevalência e público. Revista Contexto & Saúde, 2016; 16(30): 28-35. DOI: 10.21527/2176-7114.2016.30.28-35.
Neto PRO, Cumam RKN. Medicamentos potencialmente inapropriados para idosos e sua presença no SUS: avaliação das litas padronizadas. Rev. Bras. Geniatr. Gerentol. 2011; 14(2). DOI: 10.1590/S1809-98232011000200009.
Santos JS, Giodani F, Rosa MLG. Interação medicamentosa potenciais em adultos e idosos na atenção primária. Ciência & Saúde Coletiva. 2019;24(11). DOI: 10.1590/1413-812320182411.04692018.
Mibielli P, Rozenfeld S, Matos GC, et al. Interações medicamentosas potenciais entre idosos em uso dos anti-hipertensivos da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais do Ministério da Saúde do Brasil. Cad. Saúde Pública. 2014; 30(9). DOI: 10.1590/0102-311X00126213.
Cortez AO, Melo AC, Neves LO, et al. Tuberculose no Brasil: um país, múltiplas realidades. J. Bras. Pneumol. 2021; 47(02). DOI: 10.36416/1806-3756/e20200119.
Ferreira MRL, Andrade RLP, Barros NO, et al. Avaliação do programa de controle da tuberculose em um estado da região Amazônica brasileira. O mundo da Saúde. 2022; 46. DOI: 10.15343/0104-7809.202246185203.
Cazabon D, Alsdurf H, Satyanarayana S, et al. Qualidade dos cuidados de tuberculose em países de alta carga: a necessidade urgente de abordar as lacunas na cascata de cuidados. IJID. 2017; 56. 111-116, DOI: 10.1016/j.ijid.2016.10.016.
Biblioteca Virtual em Saúde. Manual de Recomendação para controle da tuberculose no Brasil. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_recomendacoes_controle_tuberculose_brasil.pdf. Acesso em: 20 de maio de 2023
Jacomini LCL, Silva NA. Interações medicamentosas: uma contribuição para o uso racional de imunossupressores sintéticos e biológicos. Ver. Bras. Reumatol. 2011; 51(2). 168-174.
Ministério da Saúde. Formulário Terapêutico Nacional 2008 – Rename 2006. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/formulario_terapeutico_nacional_2008.pdf. Acesso em: 03 de fevereiro de 2022.
Bachmann F, Duthaler U, Schwabedissen HEM, et al. O metamizole é um indutor moderado do citocromo P450 por meio do receptor constitutivo de androstano e um inibidor fraco do CYP1A2. ASCPT, 2020; 109(6). 1505-1516. DOI: 10.1002/cpt.2141.
Lima APV, Filho MAN. Efeitos em longo prazo de inibidores da bomba de prótons. BJSCR. 2014; 5(3). 45-49.
Menegassi VS, Czeczko LEA, Czeczko LSG, et al. Prevalência de alterações proliferativas gástricas em pacientes com uso de inibidores de bomba de prótons. ABCD. 2010; 23 (3). 145-149. DOI: 10.1590/S0102-67202010000300003.
Marrom CH. Efeito do rofecoxibe na atividade anti-hipertensiva do lisinopril. Ana Farmacêutica. 2000; 34(12). DOI: 10.1345/aph.10160.
Brown CH. Overview of drug interaction. US Pharm. 2000; 24(5). 3-30.
Vieira DEO, Gomes M. Efeitos adversos no tratamento da tuberculose: experiência em serviço ambulatorial de um hospital-escola na cidade de São Paulo. 2008; 34 (12). 1049-1055. DOI: 10.1590/S1806-37132008001200010.
Salles CLG, Conde MB, Hofer C, et al. Abandono do tratamento antituberculose em um hospital universitário do Rio de Janeiro, Brasil. The Union. 2004; 8 (5). 318-322
Jin PG, Bae SH, Su PW, et al. Interação medicamentosa de microdose e omeprazol em dose regular com um inibidor e indutor do CYP2C19. 2022; volume: 11. 1043 – 1053.
Schaberg T, Rebhan K, Lode H. Fatores de risco para efeitos colaterais de isoniazida, rifampicina e pirazinamida em pacientes internados por tuberculose pulmonar. 1996; 9. 2026 – 2030. DOI: 10.1183/09031936.96.09102026.
Secretária de Saúde do Distrito Federal. Pantoprazol. Disponível em: https://www.saude.df.gov.br/documents/37101/531683/Pantoprazol.pdf/f4c09d0c-a5a5-f74c-81af-f30cf254531f?t=1648997545172. Acesso em: 06 de fevereiro de 2022
Rocha KNS, Prates EKL, Rosa GC, et al. Evidências sobre o uso de antagonistas muscarínicos em pacientes com DPOC. BJHR. 2022; 5 (1). 1292 – 1308. DOI: 10.34119/bjhrv5n1-113
Valente RG, Neves DD. Alterações oculares após nebulização com brometo de ipratrópio. Pulmão RJ. 2007; 16(2-4). 65-69
Hospital Risoleta Tolentino Neves. Manual para melhoria das práticas assistenciais em farmácia hospitalar. Disponível em: http://www.sbrafh.org.br/site/index/library/id/140. Acesso em: 15 de maio de 2023
Silvia Helena Figueiredo Vendramini. O tratamento supervisionado no controle da tuberculose em Ribeirão Preto sob a percepção do doente. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto, 2001.
Francis JMA, Alvarez GC, Torres HM, et al. Estudo comparative da eficácia e segurança de dexrabeprazol versus esomeprazole no tratamento da doença do refluxo gastroesofágico. Gac Med Mex. 2023; 158 (6). DOI: 10.24875/gmm.22000190
Monteiro C, Marques FB, Ribeiro CF. Interações medicamentosas como causa de iatrogenia ivitável. RPMGF. 2007; 23(1). 63-73. DOI: 10.32385/rpmgf.v23i1.10322
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Autores
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os autores transferem, atribuem ou transmitem à RBFHSS: (1) o direito de conceder permissão para republicar ou reimprimir o material indicado, no todo ou em parte, sem taxa; (2) o direito de imprimir cópias republicadas para distribuição gratuita ou venda; e (3) o direito de republicar o material indicado em qualquer formato (eletrônico ou impresso). Além disso, o abaixo assinado afirma que o artigo descrito acima não foi publicado anteriormente, no todo ou em parte, não está sujeito a direitos autorais ou outros direitos, exceto pelo (s) autor (es), e não foi enviado para publicação em outros lugares, exceto como comunicado por escrito para RHFHSS neste documento.
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma Licença de atribuição Creative Commons Attribution (CC-BY-NC-ND) que permite que outros compartilhem o trabalho com um reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
Politica de Auto-arquivamento
Autores tem permissão e são encorajados a submeter o documento final em pdf dos artigos a páginas pessoais ou portais institucionais, após sua publicação neste periódico (sempre oferecendo a referência bibliográfica do item).