Utilização de medicamentos que induzem osteoporose ou fratura em idosos com mieloma múltiplo: estudo transversal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30968/rbfhss.2023.142.0922

Resumo

Objetivo: descrever a frequência de utilização de medicamentos que induzem osteoporose ou fratura (MOF) em idosos com mieloma múltiplo (MM) e avaliar os fatores associados. Métodos: estudo transversal, desenvolvido com pacientes em tratamento de MM em três cenários: um hospital público de ensino, um serviço privado ambulatorial de onco-hematologia um hospital público, referência em oncologia. Os dados foram coletados entre abril de 2019 a março de 2020 por meio de entrevistas face a face e revisão de prontuários dos pacientes. A variável dependente foi o uso de MOF, que foram identificados em estudos previamente realizados a partir de duas bases de dados de farmacovigilância: Vigibase da Organização Mundial de Saúde e na Japanese Adverse Drug Event Report (JADER), que calcularam o reporting odds ratio (ROR) de osteoporose ou fratura para os medicamentos. Os medicamentos foram classificados segundo o nível 4 da sistemática da Anatomical Therapeutic Chemistry- ATC. Os fatores associados ao uso de MOF em pacientes com MM incluídos no estudo foram determinados por regressão logística múltipla. Resultados: foram incluídos 153 idosos (≥ 60 anos), com mediana de idade de 70,9 anos, predomínio do sexo feminino (54,2%). A maioria dos idosos (56,9%) foi atendida no serviço de saúde privado. A comorbidade mais encontrada foi hipertensão arterial (67,3%) seguida por diabetes mellitus (28,8%). Identificou- se que 73,2% dos idosos faziam uso de pelo menos um MOF. Os MOF mais frequentes foram os inibidores da bomba de prótons (IBPs) (29,2%), sulfonamidas (13,9%) seguidos por medicamentos relacionados a benzoadiazepinicos (11,9%) e outros opioides (10,4%). Os idosos que utilizaram MOF apresentaram as seguintes características: idade até 70 anos, sexo feminino, renda de até três salários, escolaridade alta (Ensino médio ou superior), multimorbidade, hipertensão arterial e polifarmácia. Na análise multivariada, obteve-se associação independente e positive entre uso de MOF e polifarmácia, MOF e escolaridade alta. Conclusão: a frequência de utilização de MOF pelos idosos estudados foi elevada e associada de forma positiva e independente com polifarmácia e alta escolaridade. As classes ATC dos MOF com maior frequência de utilização foram: IBP, diuréticos de alça (sulfonamidas), medicamentos relacionados a benzodiazepinicos e opioides.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Cowan, AJ, Green DJ, Kwok M, et al. Diagnosis and Management of Multiple Myeloma: A Review. JAMA. 2022;327(5):464–477. DOI: https://10.1001/jama.2022.0003

Mukkamalla, SKR, Malipeddi D. Myeloma Bone Disease: A Comprehensive Review. Int Jour of Mol Sciences. 2021;22(12):6208. DOI: 10.3390/ijms22126208

Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (CONITEC). Relatório de recomendação- Diretrizes diagnósticas e terapêuticas do Mieloma Multiplo. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/ptbr/midias/consultas/relatorios/2022/20220526_ddt_mieloma_multiplo_cp.pdf Acesso em 2 set. 2022.

Pop V, Parvu A, Craciun A, et al. Modern markers for evaluating bone disease in multiple myeloma (Review). Exp and Ther Medicine. 2021;22(5). DOI: https://10.3892/etm.2021.10764.

Bernstein ZS, Kim EB, Raje N. Bone Disease in Multiple Myeloma: Biologic and Clinical Implications. Cells. 2022;11(15):2308. DOI: 10.3390/cells11152308.

Thorsteinsdottir S, Gislason G, Aspelund T, et al. Fractures and Survival in Multiple Myeloma: Results from a Population-Based Study. Clin Lymp Mye and Leukemia. 2019;19(10):35. DOI: 10.3324/hematol.2019.230011.

D’oronzo SS, Stucci M, Tucci, et al. Cancer treatment-induced bone loss (CTIBL): Pathogenesis and clinical implications. Canc Treat Reviews. 2015; 41(9):798–808. DOI: 10.1016/j.ctrv.2015.09.003.

Kunacheewa C, Orlowski RZ. New Drugs in Multiple Myeloma. Annual Rev of Medicine. 2019;70(1):521–547. DOI: doi: 10.1146/annurev-med-112017-091045

Lane NE. Glucocorticoid-Induced Osteoporosis: New Insights into the Pathophysiology and Treatments. Cur Ost Reports. 2019;17(1):1–7. DOI: https://10.1007/s11914-019-00498-x.

Asfaw AA, Pharm B, Yan CH, et al. Barriers and facilitators of using sensored medication adherence devices in a diverse sample of patients with multiple myeloma: Qualitative study. Journ of Med Int Research. 2018;20(11). DOI: https://10.2196/cancer.9918.

Vogel MN; Weisel K, Maksimovic O, et al. Pathologic fractures in patients with multiple myeloma undergoing bisphosphonate therapy: incidence and correlation with course of disease. Amer jour of roentgenology. 2009;193(3):656–661.

Toci GR, Bressner JA, Morris CD, et al. Can a Novel Scoring System Improve on the Mirels Score in Predicting the Fracture Risk in Patients with Multiple Myeloma? Clin Ort & Rel Research. 2020;479(3):521–530.

Brasil. Lei nº 14.423, de 22 de julho de 2022. Dispõe sobre o Estatuto da Pessoa Idosa e dá outras providências e altera a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, para substituir, em toda a Lei, as expressões “idoso” e “idosos” pelas expressões “pessoa idosa” e “pessoas idosas”, respectivamente. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14423.htm#art2. Acesso em: 16 jan. 2023.

Toriumi S, Kobayashi A, Sueki H, et al. Exploring the Mechanisms Underlying Drug-Induced Fractures Using the Japanese Adverse Drug Event Reporting Database. Pharmaceuticals. 2021;14(12)1299. DOI: https://doi.org/10.3390/ph14121299.

Batteux B, Bennisuma Y, Bodeau S, et al. Associations between osteoporosis and drug exposure: A post-marketing study of the World Health Organization pharmacovigilance database (VigiBase®). Bone. 2021;153:116137. DOI: 10.1016/j.bone.2021.116137.

Fattahi MR, Niknam R, Shams M, et al. The Association Between Prolonged Proton Pump Inhibitors Use and Bone Mineral Density. Risk Man and He Policy. 2019;12:349–355.

Thong BKS, Ima-nirwana S, Chin, KY. Proton Pump Inhibitors and Fracture Risk: A Review of Current Evidence and Mechanisms Involved. Int Jour of Env Res and Pub Health. 2019;16(9)1571.

By the 2023 American Geriatrics Society Beers Criteria® Update Expert Panel. American Geriatrics Society 2023 updated AGS Beers Criteria® for potentially inappropriate medication use in older adults. J Am Geri Soc. 2023. DOI: 10.1111/jgs.18372.

Ruths S, Bakken MS, Ranhoff AH, et al. Risk of hip fracture among older people using antihypertensive drugs: a nationwide cohort study. BMC Geriatrics. 2015;15(1). DOI: http://10.1186/s12877-015-0154-5.

Guan Q, Men S, Juurlink DN, et al. Opioid Initiation and the Hazard of Falls or Fractures Among Older Adults with Varying Levels of Central Nervous System Depressant Burden. Drug Aging. 2022;39(9):729-738.

Daniell HW. Opioid osteoporosis. Arch Intern Med. 2004;164(3):338.

Chiu E, Cabanero M, Sidhu G. Paradoxical Stress Fracture in a Patient With Multiple Myeloma and Bisphosphonate Use. Cureus. 2020;12(8). DOI: http://10.7759/cureus.9837.

Tonogai I, Goto T, Hamada D, et al. Bilateral Atypical Femoral Fractures in a Patient with Multiple Myeloma Treated with Intravenous Bisphosphonate Therapy. Cas Rep in Ort. 2014;2014:1-4. DOI: 10.1155/2014/452418.

Chang ST, Tenforde AS, Grimsrud CD, et al. Atypical femur fractures among breast cancer and multiple myeloma patients receiving intravenous bisphosphonate therapy. Bone. 2012;51(3):524–527.

Bahk JH, Jo WL, Kwon SY, Park HC, Lim YW. Weight-Based Bisphosphonate Administration for Multiple Myeloma Patients and the Risks of Skeletal Complications. J Clin Med. 2023;18(12):1637.

Osman A, Kamkar N, Speechle M, et al. Fall Risk-Increasing Drugs and Gait Performance in Community-Dwelling Older Adults: A Systematic Review. Ag Res Reviews. 2022:101599.

Sweiss K, Calip GS, Wirth S, et al. Polypharmacy and potentially inappropriate medication use is highly prevalent in multiple myeloma patients and is improved by a collaborative physician–pharmacist clinic. J Oncol Pharm Practice. 2019;26(3):536–542.

Umit EG, Baysal M, Bas V, et al. Polypharmacy and potentially inappropriate medication use in older patients with multiple myeloma, related to fall risk and autonomous neuropathy. Jour of Onc Pharm Practice. 2019;26(1)43–50.

Masnoon N, Shakib S, Ellett L.K, et al. What is polypharmacy? A systematic review of definitions. BMC geriatrics. 2017;17(1):230. DOI: 10.1186/s12877-017-0621-2.

Machado TRL, Menezes De Pádua CA, Drummond PLM, et al. Use of fall risk-increasing drugs in older adults with multiple myeloma: A cross-sectional study. Jour of Ger Oncology. 2022;13(4):493–498. DOI: 10.1016/j.jgo.2022.01.007.

Oliveira PC, Silveira RM, Ceccato MGB et al. Prevalência e Fatores Associados à Polifarmácia em Idosos Atendidos na Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte-MG, Brasil. Ciê & Sau Coletiva. 2021;26(4):1553–1564. DOI:10.1590/1413-81232021264.08472019.

Publicado

2023-06-29

Como Citar

1.
ROSA ML, DE PÁDUA CM, MACHADO TL, DRUMMOND PL, SILVEIRA LP, MALTA JS, REIS AM. Utilização de medicamentos que induzem osteoporose ou fratura em idosos com mieloma múltiplo: estudo transversal. Rev Bras Farm Hosp Serv Saude [Internet]. 29º de junho de 2023 [citado 16º de julho de 2024];14(2):922. Disponível em: https://rbfhss.org.br/sbrafh/article/view/922

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS