Impacto potencial da COVID-19 no perfil de consumo de antibacterianos de reserva – AWaRe em unidade de terapia intensiva de um hospitalp úblico

Resumo

Objetivo: Avaliar a variação de consumo de antibacterianos (ATB), monitorados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), componentes do grupo reserva de acordo com a classificação Acess, Watch, Reserve (AWaRe) da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de hospital público. Método: Estudo de utilização de medicamentos, do tipo quantitativo, com coleta retrospectiva dos dados, de novembro/2018 a outubro/2022. A Dose Diária Definida (DDD) por 1000 pacientes-dia foi utilizada na avaliação do consumo de daptomicina, linezolida parenteral, polimixinas B e E, tigeciclina e ceftazidima-avibactam. As DDDs foram calculadas utilizando-se a fórmula de DDD padrão da OMS. O período de análise foi dividido em três fases: pré-pandemia da COVID-19, fase aguda e pós-fase aguda da pandemia da COVID-19. Calculou-se a razão entre a soma das DDD mensais nos períodos avaliados. Resultados: Na UTI do hospital de estudo houve aumento de consumo de daptomicina e tigeciclina na fase aguda, e de todos os ATB no pós-fase-aguda em relação à fase pré-pandemia. No pós-fase aguda, o consumo de daptomicina, linezolida e polimixina B aumentou em relação à fase aguda. O consumo de polimixina B, polimixina E e tigeciclina nas fases pós-aguda e aguda foi influenciado, também, por instabilidade no mercado farmacêutico. A partir da fase aguda da pandemia, a lista institucional de ATB padronizados passou a incluir polimixina E e ceftazidima-avibactam. Conclusão: Identificou-se por meio desse estudo, variações no consumo de ATB do grupo reserve as quais podem ter sido influenciadas pela pandemia da COVID-19. Esses dados podem fundamentar aprimoramentos do PGA local, a fim de preservar a efetividade desses medicamentos, que devem ser utilizados como última alternativa terapêutica.