Análise de toxicidades relacionadas ao protocolo carboplatina e paclitaxel em pacientes com câncer de ovário
DOI:
https://doi.org/10.30968/rbfhss.2022.133.0823Resumo
Objetivo: analisar as toxicidades induzidas pelo protocolo carboplatina e paclitaxel em pacientes com câncer de ovário, buscando identificar os possíveis fatores de risco relacionados à sua ocorrência e as intervenções clínicas. Método: realizou-se um estudo de coorte retrospectivo envolvendo pacientes com câncer de ovário, matriculadas entre 2015 e 2017 em um hospital oncológico de referência no Brasil. Foram coletados dos prontuários e receitas médicas: dados demográficos, clínicos e farmacoterapêuticos; informações sobre toxicidade induzida pelo tratamento; e intervenções clínicas (redução da dose de quimioterapia, suspensão da quimioterapia, e alteração do regime de tratamento). Os medicamentos foram classificados segundo o código Químico-Terapêutico-Anatômico (ATC). As toxicidades foram classificadas quanto à gravidade de acordo com os Critérios Terminológicos Comuns para Eventos Adversos. Foi realizada análise descritiva das variáveis e calculado o risco relativo. Utilizou-se o teste exato de Fischer para verificar os possíveis fatores de risco associados. Foi assumido um valor de p < 0,05 como significância estatística. Resultados: foram incluídos 105 pacientes. Destes, 47% tinham alguma comorbidade, 71% estavam polimedicados, 2% estavam expostos a interações medicamentosas com o regime estudado, 73% apresentaram toxicidade, sendo 35% destas de grau > 2. Alopecia e astenia foram as toxicidades mais graves, e 55% tiveram pelo menos uma intervenção clínica, o que resultou num pior prognóstico. As mulheres com menos de 60 anos tiveram um risco mais elevado de desenvolver toxicidade (51,0%; p= 0,038), enquanto que as mulheres com estadiamento III tiveram um risco mais baixo (24,0%; p= 0,052). Do total, 40,9% (n= 43) das mulheres tiveram alguma intervenção clínica registada. A redução da dose foi a intervenção mais comum (48,8%, n= 21), sendo a causa principal a gravidade das toxicidades (57,1%, n= 12). Não foi observada qualquer associação entre as variáveis investigadas e a ocorrência de toxicidade de grau > 2. Conclusões: o estudo foi capaz de identificar as principais toxicidades que acometeram mulheres com câncer de ovário tratadas na instituição, e tem potencial para auxiliar os profissionais da saúde na realização de medidas preventivas e intervenções clínicas relacionadas à gravidade das toxicidades que o tratamento com o protocolo investigado pode causar.
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