Perfil de uso de Imunoglobulina Humana Intravenosa em um hospital universitário no Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.30968/rbfhss.2022.132.0748Resumo
Objetivo: Traçar o perfil de utilização de Imunoglobulina Humana Intravenosa e avaliar seu uso racional comparando com as indicações contempladas pelo CEAF/MS e dados disponíveis na literatura. Métodos: estudo descritivo retrospectivo realizado em um hospital universitário do Rio de Janeiro através de análise de prescrições de pacientes internados em uso de IgIV no período de janeiro de 2014 a junho de 2019. Os dados coletados incluíram idade, sexo, indicação pelo CID-10, número de ciclos, previsibilidade do uso (situação na qual a internação é agendada prevendo o uso de IgIV) e recurso financeiro mobilizado no período. Resultados: A amostra consistiu em 199 ciclos de utilização referentes a 138 pacientes, o grupo de CID-10 com maior número de indicações foi G00-G99 (doenças do sistema nervoso) (66 ciclos; 33.2%) e M00-M99 (doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo) (57 ciclos; 28,6%), seguido por D50-D89 (doenças do sangue e órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários) (43 ciclos; 21.6%). No geral, 36,2% (72 ciclos) das indicações foram para doenças que são contemplados para atendimento pelo CEAF/MS e houve uma ocorrência de 30,2% (60 ciclos) de previsibilidade de uso. Quanto à série histórica, há certa constância na frequência de quase todas as indicações, salvo um crescimento expressivo da frequência de tratamentos para indicações clínicas reumatológicas e dermatológicas a partir de 2016. Neste período, apenas um ciclo foi fornecido pelo CEAF/MS, os demais foram financiados pelo hospital com recursos próprios, o que representou uma média anual de 7,3% em relação aos gastos da instituição com medicamentos. Conclusão: o estudo revelou um alto percentual de uso em indicações não contempladas pelos protocolos nacionais, as indicações relativas a doenças de pele e tecido subcutâneo, seguido pelas doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo, foram os grupos que apresentaram maior percentual de indicação sem cobertura do CEAF/MS. Estudos mais robustos são necessários para fundamentar o uso de IgIV nessas situações, especialmente devido a seu alto custo e potencial impacto orçamentário. É importante que as instituições se mobilizem para desenvolver estratégias de promoção do uso racional, em especial através da Comissão de Farmácia e Terapêutica e serviços de Farmácia Clínica.
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