Fatores que influenciam o tempo prolongado de internação hospitalar e admissão na UTI em uma população pediátrica admitida com SRAG infecciosa

Resumo

Objetivo: Durante a pandemia de COVID-19, o maior hospital exclusivamente pediátrico do Brasil criou uma linha de cuidado (LC) para pacientes internados com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) infecciosa. Nosso objetivo foi identificar os fatores associados ao tempo prolongado de internação hospitalar (IH) e admissão na unidade de terapia intensiva (UTI) de crianças com SRAG infecciosa. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo que incluiu pacientes pediátricos com SRAG infecciosa de março a setembro de 2020, quando a disseminação do COVID-19 surgiu localmente. Os desfechos primários do estudo foram o tempo de internação hospitalar e a admissão na UTI, considerados como variáveis dependentes na análise univariada, seguidos do modelo de regressão logística multivariada. Os resultados foram expressos em Odds Ratio (OR) e as variáveis com valor de p<0,05 foram consideradas estatisticamente significativas. Resultados: foram identificados 122 pacientes hospitalizados. Os fatores de risco independentes para hospitalização prolongada são comorbidade neurológica (OR 7,537, p<0,001), combinação de comorbidades (OR 14,536, p<0,001) e comorbidades como transplante, doenças onco-hematológicas e autoimunes (OR 20,886, p=0,017) , Raio-X com opacidade peri-hilar bilateral com comprometimento brônquico (OR 8,160, p=0,026), COVID-19 (OR 11,370, p=0,049) e pneumonia por aspiração brônquica (OR 29,933, p=0,029). Além disso, derrame pleural (OR 53,540, p=0,002) é um preditor de admissão na UTI. Conclusões: Crianças com SRAG com certas comorbidades e outras doenças respiratórias foram consideradas de risco por estarem associadas ao tempo de internação prolongado e maior admissão na UTI. Os resultados sugerem que intervenções focadas nesses grupos podem ser essenciais para otimizar o manejo do LC-SRAG, evitar a disseminação e promover melhores resultados e alocação de recursos.