Manejo do tratamento farmacológico em pacientes com DPOC e custo direto da terapia anticolinérgica: experiência de vida real
DOI:
https://doi.org/10.30968/rbfhss.2022.131.0716Resumo
Objetivo: Descrever a experiência com o uso da terapia anticolinérgica de longa duração disponível na rede pública de São Paulo, seus custos diretos inferidos e possíveis impactos econômicos. Método: Estudo transversal realizado em um ambiente de vida real. A amostra foi composta por usuários SUS que receberam os LAMAs inalatórios para tratamento da DPOC entre o período de novembro de 2019 a novembro de 2020. Os critérios de inclusão foram: diagnóstico de DPOC, acompanhamento clínico pelo grupo de DPOC, dispensação de anticolinérgicos durante o período de estudo e uso atual de LAMA (tiotrópio, glicopirrônio e umeclidínio) por pelo menos 3 meses. Foram excluídos os pacientes com ausência ou insuficiência de dados e sem consulta médica há mais de 1 ano e meio do período final do estudo. Foi feita a análise do perfil sociodemográfico, da evolução clínica e da qualidade de vida dos pacientes. As variáveis contínuas foram expressas por média e desvio padrão, e analisadas por t Student, e as variáveis categóricas foram expostas em frequência absoluta (n) e relativa (%), e analisadas por qui-quadrado ou Fisher, adotou-se um nível de confiança <0,05. Para os custos diretos, foi realizada uma análise simplificada, usando os dados de dispensação e estoque das terapias anticolinérgicas do serviço. Resultados: O estudo incluiu 197 pacientes, 177 em uso de tiotrópio e 20 em uso de glicopirrônio ou umeclidínio. Não houve diferença significativa quando analisados os grupos em relação a idade (p=0,814), sexo (p=0,780) e comorbidades (p >0,05). Os pacientes apresentavam polifarmácia (83,8%) e 74,1% dos pacientes tinham em uso 3 ou mais tipos de dispositivos. A população estudada predominantemente foi classificada como GOLD 3 e perfil B, representando 45.2% (n = 89) e 66.5% (n = 131) respectivamente, evidenciando uma população mais grave. Em ambos os grupos de tratamento percebemos um aumento no valor do CAT e uma tendência à piora do mMRC. Para os custos diretos do tratamento com os anticolinérgicos de longa ação, foi encontrado um gasto anual de U$ 124.474,35. Com base em estratégias de dispensação dos medicamentos, conseguimos prever uma economia de U$ 13.915,77/ano para este tratamento. Conclusão: Pacientes com DPOC grave tendem a usar mais dispositivos inalatórios. A disponibilização de alternativas farmacoterapêuticas pela rede pública pode contribuir para a individualização dos tratamentos anticolinérgicos e possibilitar uma avaliação mais adequada da terapia de acordo com o perfil clínico do paciente, atrelado a possíveis estratégias econômicas relacionadas ao tratamento individualizado.
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