Analise de reações adversas a medicamentos por profissionais de saúde: estratégia de segurança do paciente
Resumo
A notificação de reações adversas a medicamentos (RAM) é um componente importante para a qualidade do cuidado nos hospitais, valorizada em programas de acreditação1,2, uma vez que asRAM estão claramente envolvidas na avaliação da segurança do paciente3. Geralmente, a manipulação e
a administração de medicamentos são o foco principal na discussão de eventos adversos. No entanto, a
identificação e discussão de RAM evitáveis pode ter um papel relevante na prevenção de eventos graves.
Este editorial propõe-se destacar os fatores que podem contribuir para o debate sobre a avaliação de RAM
na pratica clinica, especialmente em serviços brasileiros. Infelizmente, definições fragmentadas e limitadas sobre o conceito de RAM podem dificultar sua identificação e analise3. A definição de ADR como uma reação sensivelmente nociva ou desagradável,resultante de uma intervenção relacionada à utilização de um medicamento, que prevê riscos decorrentes da administração futura e garante a prevenção ou tratamento específico, a alteração do regime de dosagem ou aretirada do produto4 parece mais precisa, e aceitável pelos farmacologistas e tem sido utilizada em vários
estudos5. Este conceito é particularmente interessante por apontar a possibilidade de ocorrência de
reações adversas devido a erros de medicação6.
RAM são basicamente classificadas como reações de tipo A e B. Enquanto as reações de tipo A
(aumentadas) são geralmente dose-dependente e evitáveis (de farmacologia conhecida), as reações do tipo B (bizarras) não são relacionadas com a dose e imprevisíveis. A incidência e a morbidade relacionadas as reação do tipo A são altas. Por outro lado, as reações de tipo B estão relacionadas a maior mortalidade7. Esta classificação foi expandida e detalhada para mais quatro tipos: C (crônica – ocorre com a administração prolongada do medicamento), D (tardia – ocorre algum tempo após o uso do medicamento), E (ocorre com a retirada do medicamento) e F (falha inesperada da terapia)5. Mais do que apenas agrupar, esta triagem é útil para conscientizar o profissional de saúde sobre os vários momentos em que o ADR pode ocorrer.
A analise da gravidade de RAM avalia os desfechos relacionados a aspectos como (i)
necessidade de hospitalização ou prolongamento da hospitalização, (ii) persistência ou deficiência
significativa, (iii) risco de vida e (iv) morte8 . A notificação de RAM severas pode exigir uma ação rápida para entendimento do problema e, consequentemente, motivar uma intervenção local e / ou global (pelas
autoridades reguladoras). Suspeitas de RAM graves devem ser prontamente reconhecida e avaliadas por
farmacêuticos hospitalares. A análise da causalidade, ou seja, a relação entre um medicamento suspeito e a reação observada ajuda a equipe de cuidados a tomar decisões após a terapia8 . Aspectos como a força e consistência da associação, especificidade, temporidade, gradiente biológico, plausibilidade, coerência, evidência experimental e analogia foram sugeridas por Bradford Hill9 há mais de 50 anos como parâmetros para análise da causalidade. A avaliação do caso por um especialista, o uso de algoritmos estruturados e o método estatístico bayesiano são as principais formas de análise da causalidade10. Escalas e os algoritmos são amplamente utilizados, especialmente o algoritmo de Naranjo, apesar das dificuldades de aplicação para analise da causalide8. Todos os atributos resumidos acima são úteis para melhorar o conhecimento e a decisão clínica sobre risco e benefício do tratamento. No entanto, para o desenvolvimento da cultura de segurança, talvez a análise da evitabilidade de RAM seja a estratégia fundamental para o aprendizado e a prevenção de danos relacionados a medicamentos. Uma meta-análise sobre a evitabilidade de RAM mostrou que, aproximadamente, metade das reações adversas em adultos podem ser evitadas11. Não existe um modelo padronizado para análise da evitabilidade de RAM, algumas propostas, porem, fundamentam-se na seleção e prescrição do tratamento adequado12. A reflexão sobre a evitabilidade.
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