Atuação do farmacêutico em oncologia: o que se espera com a exigência de titulação mínima?
Resumo
O envolvimento do farmacêutico no cuidado do paciente com câncer tem mais de 50 anos e, desde o final dos anos 70, esse profissional vem buscando mecanismos para se qualificar em busca de uma atuação mais efetiva e de qualidade1. No Brasil, o trabalho do farmacêutico em oncologia ganha maior notoriedade a partir dos anos 90. Apesar dos avanços, algumas dificuldades no exercício da prática profissional vêm sendo relatados, comprometendo a segurança e a qualidade do cuidado prestado.
Neste sentido, a publicação da Resolução do Conselho Federal de Farmácia (CFF) n.º 623 de 29 de abril de 20162 é um novo marco para a profissão farmacêutica no Brasil. A complexidade do câncer e das suas terapias, os riscos inerentes a prática profissional, a necessidade de se garantir segurança ao paciente e ao meio ambiente, dentre outros aspectos, fundamentaram a importância de se exigir uma titulação mínima para a atuação do farmacêutico em oncologia.Mas quais as perspectivas de avanços com a publicação dessa Resolução? Primeiramente espera-se a melhoria continua da qualidade do cuidado prestado ao paciente oncológico. O câncer é uma das doenças mais incidentes no Brasil e no mundo e representa a segunda principal causa de mortalidade, tendendo a ser a primeira nos próximos 10 anos3. A prevenção e controle da doença depende de um trabalho integrado e de profissionais altamente qualificados, incluindo farmacêuticos. A farmacoterapia utilizada no tratamento do câncer possui um potencial para prolongar a vida e para curar pacientes, em situações específicas. No entanto, estes mesmos medicamentos, devido as suas graves toxicidades e aos seus desafios logísticos e de segurança no preparo e uso, podem acarretar desfechos negativos1. Farmacêuticos especializados podem contribuir adequadamente no controle destas variáveis e com isso favorecer o alcance de resultados positivos.
Outro aspecto refere-se à eliminação de erros de medicação em oncologia. A diversidade de medicamentos e protocolos utilizados no tratamento dos diferentes tipos de câncer favorece os
erros de prescrição, preparação, dispensação e administração. Profissionais pouco experientes ou
despreparados podem cometer pequenos equívocos que resultam em grandes fatalidades. Assim, é
esperado que a exigência de maior qualificação dos farmacêuticos possa minimizar os impactos dos
erros de medicação em oncologia. Destaca-se, ainda, a expectativa de avanços no gerenciamento das tecnologias, considerando as avaliações e incorporações de novos produtos e o desabastecimento do mercado de medicamentos utilizados no tratamento oncológico. Os custos com a farmacoterapia do câncer não podem ser negligenciados, assim como as consequências da não incorporação ou da descontinuidade dos tratamentos devido à falta de produtos. Farmacêuticos que atuam em oncologia precisam estar aptos para desenvolver planos de gerenciamento que objetivem solucionar estes aspectos.
Espera-se um maior envolvimento dos farmacêuticos em pesquisa clínica, epidemiológica e
translacional na área da oncologia. Esta atuação será essencial para subsidiar adequadamente as decisões clínicas, políticas e econômicas, e para ampliar a efetividade, a segurança e a utilidade da farmacoterapia utilizada no tratamento do câncer no Brasil. O escopo da atuação do farmacêutico em oncologia está em constante evolução e seu papel tem sido identificado como vital para o cuidado e incremento da sobrevida de pacientes com câncer. Este novo paradigma e as responsabilidades inerentes a prática exigem um preparo adequado e diferenciado. Neste contexto, a expectativa é que melhores resultados humanísticos, clínicos e econômicos sejam alcançados, além de avanços na prática profissional e incremento na produção científica nacional.
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