Contribuições do farmacêutico para a equipe multiprofissional de terapia antineoplásica
Resumo
Nas últimas décadas, o Brasil vem enfrentando um processo de transição demográfica e
epidemiológica, com conseqüente aumento do número de doenças crônicas não transmissíveis,
como o câncer1
. Essas alterações exigem uma reorientação das ações e dos serviços de saúde, além
de mudanças na formação e atuação dos profissionais2
. Segundo Wen e Schulman3
, pacientes
com condições médicas complicadas, incluindo os oncológicos, tem grandes benefícios quando
da ocorrência de um trabalho interdisciplinar.
De acordo com a RDC n.º 220, de 20 de setembro de 2004, a Equipe Multiprofissional
de Terapia Antineoplásica (EMTA) deve contar, minimamente, com um médico especialista,
um farmacêutico e um enfermeiro. Para a profissão farmacêutica, esse documento pode ser
considerado um grande marco, ao reconhecer a relevância dos serviços farmacêuticos para
a recuperação do estado de saúde do paciente com câncer. No entanto, muitas instituições,
norteadas pela mesma resolução, adotam uma visão reducionista do trabalho a ser desempenhado
pelo farmacêutico na área oncológica, ao entenderem que sua contribuição se limita a garantir as
Boas Práticas de Preparação da Terapia Antineoplásica (BPPTA).
Liekweg, Westfield e Jachide5
já apontavam que a atuação do farmacêutico em centrais
de preparo de medicamentos antineoplásicos e a padronização de prescrições são algumas
das primeiras contribuições do farmacêutico para minimizar erros e aumentar a segurança
e efetividade da farmacoterapia oncológica. Porém, os conhecimentos e as experiências dos
farmacêuticos na área da oncologia avançaram ao longo do tempo e outras contribuições devem
ser valorizadas.
Nessa perspectiva, uma diversidade de estudos vem sendo desenvolvidos no intuito
de apontar diferentes possibilidades da atuação profissional do farmacêutico em oncologia e
visando implementar uma filosofia de prática centrada no paciente, contribuindo fortemente
para a qualidade de vida destes e para melhoria do cuidado6-9.
Além disso, nas últimas duas décadas foram criadas sociedades técnico-científicas de
farmacêuticos em oncologia em nível nacional e internacional, tais como: a International Society
for Oncology Pharmacy Practitioners (ISOPP) em 1995, a European Society of Oncology
Pharmacy (ESOP) em 2000 e a Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia (Sobrafo)
em 2001. O intuito dessas instituições é qualificar e dar visibilidade às ações desenvolvidas e de
valorizar e fortalecer o trabalho profissional do farmacêutico em oncologia.
Destacam-se, dentre outras, as seguintes contribuições dos farmacêuticos em
oncologia para a EMTA: monitoramento da farmacoterapia em pacientes internados e
ambulatoriais, elaboração de diretrizes clínicas e protocolos terapêuticos, realização de
análises farmacoeconômicas, implementação de serviços de informação sobre medicamentos,
monitoramento do uso de terapia nutricional, realização de reconciliação de medicamentos,
desenvolvimento de atividades educativas (incluindo pacientes, cuidadores e profissionais),
ações de farmacovigilância e suporte em cuidados paliativos5,8-11.
Apesar dos avanços, muitos são os desafios a serem superados pelos profissionais
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