Potenciais interações medicamentosas entre pessoas que vivem com HIV em uso de antirretrovirais em Belo Horizonte, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.30968/rbfhss.2024.153.1168Resumo
Objetivo: Caracterizar o perfil de uso de medicamentos e avaliar os fatores associados às interações medicamentosas potenciais (IM) graves e contraindicadas da farmacoterapia de pessoas que vivem com HIV (PVHIV). Método: Trata-se de um estudo transversal, compreendendo dois momentos da trajetória do tratamento de PVHIV - baseline e reavaliação. Variáveis sociodemográficas, clínicas e terapêuticas foram obtidas em prontuários médicos e entrevistas. Os medicamentos utilizados foram classificados utilizando o Sistema Anatomical Therapeutic Chemical (ATC) e as IM potenciais foram identificadas e classificadas de acordo com a gravidade e qualidade da documentação por meio do Micromedex®. Foram realizadas análises descritivas para caracterização das variáveis selecionadas e empregou-se o método da regressão logística para análises univariada e multivariada. Resultados: No baseline (n=247), a idade media foi de 36,8 anos, sendo 60,3% do sexo masculino. IM potenciais foram detectadas em 84,2% dos participantes. Na reavaliação (n=100), a idade média foi de 53,0 anos, com maioria dos indivíduos do sexo masculino (54,0%). IM potenciais foram observadas em 63,8% dos participantes. Houve redução na proporção de anti-infecciosos e aumento de medicamentos do aparelho cardiovascular, comparandose o baseline e a reavaliação. O número de medicamentos (> 3) e o esquema antirretroviral se mantiveram associados à ocorrência de IM potenciais graves e contraindicadas. Conclusão: O perfil de medicamentos utilizados refletiu o padrão de distribuição das doenças mais prevalentes nos períodos avaliados. Houve redução da média de medicamentos utilizados e, consequentemente, a redução da quantidade de IM nos dois momentos, incluindo aquelas de maior gravidade.
Downloads
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em adultos. Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília/DF: Ministério da Saúde; 2023. Disponível em: https://www.gov.br/aids/pt-br/central-de-conteudo/pcdts. Acessado em: 08 de fevereiro de 2024.
BRASIL. Ministério da Saúde: Recomendações para terapia antirretroviral em adultos infectados pelo HIV. 7.ed. Brasília/DF: Ministério da Saúde; 2008. Disponível em: http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/judicializacao/pdfs/491.pdf. Acessado em: 08 de fevereiro de 2024.
Mendicino CCP, Silva GJ da, Braga LP, et al. Monitoring HIV infection in Minas Gerais state: 15-year assessment of adults living with HIV initiating Antiretroviral Therapy. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2020;53(20200360). DOI: 10.1590/0037-8682-0360-2020.
INSIGHT START Study Group et al. Initiation of Antiretroviral Therapy in Early Asymptomatic HIV Infection. N Engl J Med. 2015;373(9):795–807. DOI: 10.1056/NEJMoa1506816.
TEMPRANO Study Group et al. A Trial of Early Antiretrovirals and Isoniazid Preventive Therapy in Africa. N Engl J Med. 2015;373(9):808–22. DOI:10.1056/NEJMoa1507198.
Rodger AJ, Cambiano V, Bruun T, et al. Sexual Activity Without Condoms and Risk of HIV Transmission in Serodifferent Couples When the HIV-Positive Partner Is Using Suppressive Antiretroviral Therapy. JAMA. 2016;316(2):171-181. DOI: 10.1001/jama.2016.5148.
World Health Organization. The role of HIV viral suppression in improving individual health and reducing transmission; 2023. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240055179. Acessado em: 08 de fevereiro de 2024.
de Sousa ACL, Eleuterio T de A, Coutinho JVA, et al. Assessing antiretroviral therapy success in HIV/AIDS morbidity and mortality trends in Brazil, 1990–2017: an interrupted time series study. Int J STD AIDS. 2021;32(2):127–34. DOI: 10.1177/0956462420952989.
Nakagawa F, May M, Phillips A. Life expectancy living with HIV. Curr Opin Infect Dis. 2013;26(1):17–25. DOI: 10.1097/QCO.0b013e32835ba6b1.
Smiley CL, Rebeiro PF, Cesar C, et al. Estimated life expectancy gains with antiretroviral therapy among adults with HIV in Latin America and the Caribbean: a multisite retrospective cohort study. Lancet HIV. 2021;8(5):e266–273. DOI: 10.1016/S2352-3018(20)30358-1.
Trickey A, Sabin CA, Burkholder G, et al. Life expectancy after 2015 of adults with HIV on long-term antiretroviral therapy in Europe and North America: a collaborative analysis of cohort studies. Lancet HIV. 2023;10(5):e295–307. DOI: 10.1016/S2352-3018(23)00028-0.
Moya Y, Bernal F, Rojas E, et al. Seguimiento fármaco-terapéutico en pacientes ambulatorios con tratamiento anti-retroviral. Rev Chilena Infectol. 2012;29(4):412–419. DOI: 10.4067/S0716-10182012000400008.
Marinho F, de Azeredo Passos VM, Carvalho Malta D, et al. Burden of disease in Brazil, 1990–2016: a systematic subnational analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. Lancet. 2018;392(10149):760–775. DOI: 10.1016/ S0140-6736(18)31221-2.
Mendicino CCP, Moreira Costa AA, da Silva GJ, et al. Metabolic comorbidities and systemic arterial hypertension: the challenge faced by HIV patients on long-term use of antiretroviral therapy. Hosp Pract. 2022;50(1):75–81. DOI:10.1080/21548331.2022.2030564
World Health Organization. Medication safety in polypharmacy: technical report. 2019. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/WHO-UHC-SDS-2019.11. Acessado em: 11 de março de 2024.
Halloran MO, Boyle C, Kehoe B, et al. Polypharmacy and drug–drug interactions in older and younger people living with HIV: the POPPY study. Antivir Ther. 2019;24(3):193–201. DOI: 10.3851/IMP3293.
Back D, Marzolini C. The challenge of HIV treatment in an era of polypharmacy. J Intern AIDS Soc. 2020;23(2):e25449. DOI: 10.1002/jia2.25449
Tinggaard M, David KP, Gerstoft J, et al. Potential drug–drug interactions between antiretroviral drugs and comedications, including dietary supplements, among people living with HIV: A clinical survey. HIV Med. 2022;24(1):46-54. DOI: 10.1111/hiv.13321.
Holtzman C, Armon C, Tedaldi E, et al. Polypharmacy and Risk of Antiretroviral Drug Interactions Among the Aging HIV-Infected Population. J Gen Intern Med. 2013;28(10):1302–1310. DOI:10.1007/s11606-013-2449-6.
Gimeno-Gracia M, Crusells-Canales MJ, Javier Armesto-Gómez F, et al. Prevalence of concomitant medications in older HIV+ patients and comparison with general population. HIV Clin Trials. 2015;16(3):117–124. DOI: 10.1179/1528433614Z.0000000012.
World Health Organization. Medication Without Harm. 2017. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/WHO-HIS-SDS-2017.6. Acessado em: 11 de março de 2024.
Menezes de Pádua CA, Moura CS. Availability of data on adverse reactions to antiretroviral drugs in medical charts according to the Naranjo algorithm: an example of a Brazilian historical cohort. Clin Drug Investig. 2014;34(6):395–402. DOI:10.1007/s40261-014-0187-0.
World Health Organization. Índice ATC/DDD 2022. Geneva: World Health Organization, 2022. Disponível em: https://www.whocc.no/atc_ddd_index/. Acessado em: 11 de março de 2024.
Analytics Inc., T. H. Micromedex® Clinical Knowledge Suite. Micromedex Solutions - User guide. ANALYTICS INC., T. H. Michigan, USA 2021.
Balderson BH, Grothaus L, Harrison RG, et al. Chronic illness burden and quality of life in an aging HIV population. AIDS Care. 2012;25(4):451–8. DOI: 10.1080/09540121.2012.712669.
Deutschmann E, Bucher HC, Jaeckel S, et al. Prevalence of Potential Drug–Drug Interactions in Patients of the Swiss HIV Cohort Study in the Era of HIV Integrase Inhibitors. Clin Infect Dis. 2021;73(7):e2145–2152. DOI: 10.1093/cid/ciaa918.
Schouten J, Wit FW, Stolte IG, et al. Cross-sectional Comparison of the Prevalence of Age-Associated Comorbidities and Their Risk Factors Between HIV-Infected and Uninfected Individuals: The AGEhIV Cohort Study. Clin Infect Dis. 2014;59(12):1787–1797. DOI: 10.1093/cid/ciu701.
Marzolini C, Elzi L, Gibbons S, et al. Prevalence of comedications and effect of potential drug–drug interactions in the Swiss HIV Cohort Study. Antivir Ther. 2010;15(3):413–423. DOI: 10.3851/IMP1540.
Paudel M, Prajapati G, Buysman EK, et al. Comorbidity andcomedication burden among people living with HIV in the United States. Curr Med Res Opin. 2022;38(8):1443–1450. DOI: 10.1080/03007995.2022.2088714.
Siefried KJ, Mao L, Cysique LA, et al. Concomitant medication polypharmacy, interactions and imperfect adherence are common in Australian adults on suppressive antiretroviral therapy. AIDS. 2018;32(1):35–48. DOI: 10.1097/QAD.0000000000001685.
Yesilbag Z, SengUl EI, Senoglu S, et al. Co-medications and Drug-Drug Interactions in People Living with HIV in Turkey in the Era of Integrase Inhibitors. Curr HIV Res. 2020;18(6):415–425. DOI: 10.2174/1574885515666200812215140.
BRASIL. Ministério da Saúde: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em adultos. Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília/DF: Ministério da Saúde; 2018. Disponível em: https://www.gov.br/aids/pt-br/central-de-conteudo/pcdts/2013/hiv-aids/pcdt_manejo_adulto_12_2018_web.pdf/view. Acessado em: 06 de março de 2024.
Ghosh AK. Four decades of continuing innovations in the development of antiretroviral therapy for HIV/AIDS: Progress to date and future challenges. Glob Health Med. 2023;5(4):194-198. DOI: 10.35772/ghm.2023.01013.
Katzung BG, Masters SB, Trevor AJ. Farmacologia Básica e Clínica, 12. ed. Porto Alegre: AMHG; 2014.
Bjornsson TD, Callaghan JT, Einolf HJ, et al. The conduct of in vitro and in vivo drug-drug interaction studies: a Pharmaceutical Research and Manufacturers of America (PhRMA) perspective. Drug Metab Dispos. 2003;31(7):815–832. DOI: 10.1124/dmd.31.7.815.
Okoli C, Schwenk A, Radford M, et al. Polypharmacy and potential drug–drug interactions for people with HIV in the UK from the Climate‐HIV database. HIV Med. 2020;21(8):471–480. DOI: 10.1111/hiv.12879.
BRASIL. Ministério da Saúde: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em adultos. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Brasília/DF: Ministério da Saúde; 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_clinico_manejo_hiv_adultos.pdf. Acessado em: 13 de setembro de 2024.
Peng AT, Huang SH, Lee HY, et al. Polypharmacy and potential drug-drug interactions among people living with HIV in the era of integrase strand transfer inhibitor-based antiretroviral therapy. Int J Antimicrob Agents. 2024;63(2):107067. DOI: 10.1016/j.ijantimicag.2023.107067.
Majdouline El Moussaoui, Lambert I, Maes N, et al. Evolution of Drug Interactions With Antiretroviral Medication in People With HIV. Open Forum Infect Dis. 2020;7(11):ofaa416. DOI: 10.1093/ofid/ofaa416.
Pontelo BM, Greco DB, Guimarães NS, et al. Profile of drug–drug interactions and impact on the effectiveness of antiretroviral therapy among patients living with HIV followed at an Infectious Diseases Referral Center in Belo Horizonte, Brazil. Braz J Infect Dis. 2020;24(2):104–109. DOI: 10.1016/j.bjid.2020.03.006.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Autores
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os autores transferem, atribuem ou transmitem à RBFHSS: (1) o direito de conceder permissão para republicar ou reimprimir o material indicado, no todo ou em parte, sem taxa; (2) o direito de imprimir cópias republicadas para distribuição gratuita ou venda; e (3) o direito de republicar o material indicado em qualquer formato (eletrônico ou impresso). Além disso, o abaixo assinado afirma que o artigo descrito acima não foi publicado anteriormente, no todo ou em parte, não está sujeito a direitos autorais ou outros direitos, exceto pelo (s) autor (es), e não foi enviado para publicação em outros lugares, exceto como comunicado por escrito para RHFHSS neste documento.
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma Licença de atribuição Creative Commons Attribution (CC-BY-NC-ND) que permite que outros compartilhem o trabalho com um reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
Politica de Auto-arquivamento
Autores tem permissão e são encorajados a submeter o documento final em pdf dos artigos a páginas pessoais ou portais institucionais, após sua publicação neste periódico (sempre oferecendo a referência bibliográfica do item).