Farmacoeconomia: uma antiga novidade
Abstract
O progresso da medicina ocorrido no último século é notável e culminou na redução do perfil de
morbi-mortalidade de doenças infecciosas, perinatais, cardiovasculares e o câncer. A inovação tecnológica
em saúde possibilitou avanços significativos na prevenção, diagnóstico e tratamento de diversas doenças.
Esse avanço, no entanto, veio acompanhado de um aumento significativo dos gastos Em 2009, os gastos
em saúde representavam 8,5% do PIB nacional1
.
É possível afirmar que um dos fatores que contribuíram para este aumento foram os gastos
com compras de medicamentos. De fato, entre os anos de 2002 e 2006 foi observado um desequilíbrio
entre o aumento percentual do gasto federal total em saúde e os gastos com medicamentos. Enquanto o
primeiro cresceu 9,6% no período, o montante de recursos aplicados para a aquisição de medicamentos
aumentou 123,9%2
. Estima-se que para garantir o atendimento da demanda da população brasileira por
medicamentos, em 2014 o governo federal tenha aplicado, no mínimo, R$10 bilhões na aquisição destes
produtos3
.
Diante deste cenário, torna-se fundamental que a aplicação dos recursos financeiros destinados
à garantia do acesso a medicamentos seja realizada de forma eficiente. Para que isso seja possível, os
tomadores de decisão − gestores, profissionais e governos − necessitam de informação que possa
subsidiar suas decisões sobre a incorporação e uso dos medicamentos. A fim de suprir esta demanda, a
Farmacoeconomia desponta como ciência imprescindível.
A Farmacoeconomia é considerada uma disciplina no campo das avaliações econômicas em
saúde e emergiu no final da década de 1980 devido ao agravamento da crise financeira do setor da saúde.
O termo Farmacoeconomia surgiu pela primeira vez na literatura há cerca de 30 anos, em 1987, em
um estudo publicado por Raymond J. Townsend4
. De acordo com este autor, Farmacoeconomia pode
ser definida como a descrição e análise de custos da terapia medicamentosa para o sistema de saúde e
sociedade. A Farmacoeconomia identifica, mede e compara custos e conseqüências dos produtos e
serviços farmacêuticos de forma a reconhecer as alternativas terapêuticas mais eficientes.
Existem diferentes métodos aplicáveis à Farmacoeconomia e sua escolha dependerá do tipo
de resultado que se pretende medir, das limitações de cada método e do potencial de generalização dos
resultados5
. Dentre os métodos mais utilizados citam-se a análise de minimização de custos, a análise
de custo-benefício, a análise de custo-efetividade e a análise de custo-utilidade. Estes se diferem entre
si fundamentalmente pela forma como os desfechos obtidos com a utilização do medicamento são
mensurados6
.
A chamada análise de custo-minimização permite comparar duas ou mais tecnologias que
produzem resultados equivalentes e que diferem apenas quanto aos custos. Dessa forma, no caso da
comparação de dois medicamentos que apresentam a mesma eficácia terapêutica e segurança, por exemplo,
esta análise indicará aquele com menor custo como sendo o preferível. A maior limitação deste método é
requerer que as alternativas comparadas sejam equivalentes, o que nem sempre é possível assegurar.
Já na análise de custo-benefício, a mensuração do resultado ou desfecho esperado com a adoção
do medicamento é expressa em unidades monetárias. Assim, a opção preferível será aquela que resulte em
maior retorno financeiro ou economia por unidade monetária investida. A limitação deste método é a
dificuldade em se traduzir resultados em saúde em valores monetários.
O método mais difundido em Farmacoeconomia, e na área de avaliação econômica em saúde
em geral, é a análise de custo-efetividade. Este método permite identificar o medicamento que fornece
maior efetividade por unidade monetária investida. A efetividade, por sua vez, pode ser mensurada em
unidades naturais na saúde, como por exemplo, anos de vida ganhos, óbitos evitados, alteração de
parâmetros clínicos, etc. Os resultados obtidos a partir deste tipo de análise são bastante úteis para
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